Toalha

 (If - 27 fev. 2013)

 

A Neve pós uma toalha calada sobre tudo.
Não se sente senão o que se passa dentro de casa.
Embrulho-me num cobertor e não penso sequer em pensar.
Sinto um gozo de animal e vagamente penso,
E adormeço sem menos utilidade que todas as ações do mundo.

Alberto Caeiro, in "Poemas Inconjuntos"
Heterónimo de Fernando Pessoa

De passagem

 

"Às vezes você é, mas não está.

Às vezes você está mas não é."

(Alexandre Borges - ator)

Páginas...

(Ivan Lins - Lembra de mim)

Beethoven, Brendel, piano & cello

" XIX

... se não houver uma dor profunda que torne os homens igualmente silenciosos, um ouve mais, outro menos, da poderosa melodia do pano de fundo. Muitos já nem a ouvem. São como árvores que esqueceram as suas reízes e que crêem que a sua força e a sua vida são o rumor dos seus ramos. Muitos não têm tempo para a ouvir. São impacientes para com o tempo à sua volta. São pobres apátridas, que perderam o sentido da existência. Primem as teclas dos dias e tocam sempre a mesma monótona nota perdida."

in Rainer Maria Rilke, Notas sobre a melodia das coisas, Trad. Sandra Filipe, Averno, 2011, pág.14.
AP Photo/Mike Groll

Gosto...

...da frescura da canção, da mistura dos instrumentos, da voz, do ritmo!

 

 (António Zambujo - Flagrante)

Pausa(s) forçada(s)

(Fotos If - 22 janeiro 2013)

 

Nada a fazer contra a natureza! Graças a ela, pelo segundo dia, há pausa(s) na vida... 

 

Foi notícia quase silenciosa...

(Mi Casa - These Streets)

 

Convidado para atuar ontem numa das várias cerimónias da tomada de posse do segundo mandato de Barack Obama, João Semedo ou JSomething (nome artístico) pertence ao grupo sul-africano de 'house music' denominado Mi Casa que, em 2012, ganhou o prémio de melhor banda da África do Sul.

Dias...

"Vivemos Presos ao Nosso Passado e ao Nosso Futuro

A nós ligam-nos o nosso passado e o nosso futuro. Passamos quase todo o nosso tempo livre e também quanto do nosso tempo de trabalho a deixá-los subir e descer na balança. O que o futuro excede em dimensão, substitui o passado em peso, e no fim não se distinguem os dois, a meninice torna-se clara mais tarde, tal como é o futuro, e o fim do futuro já é de facto vivido em todos os nossos suspiros e assim se torna passado. Assim quase se fecha este círculo em cujo rebordo andamos. Bem, este círculo pertence-nos de facto, mas só nos pertence enquanto nos mantivermos nele; se nos afastarmos para o lado uma vez que seja, por distracção, por esquecimento, por susto, por espanto, por cansaço, eis que já o perdemos no espaço; até agora tínhamos tido o nariz metido na corrente do tempo, agora retrocedemos, ex-nadadores, caminhantes actuais, e estamos perdidos. Estamos do lado de fora da lei, ninguém sabe disso, mas todos nos tratam de acordo com isso."

Franz Kafka, in 'Diário (1910)'