30 maio 2010

Pescadinha-de-rabo-na-boca

Dennis Hopper 1936 - 2010


Dennis Hopper foi um dos meus actores favoritos. Da sua extensa filmografia (Johnny Guitar; Fúria de Viver; Easy Rider; Apocalypse Now; Rumble Fish...), lembro aquele que é um dos filmes mais fascinantes que conheço, Blue Velvet, completamente marcado pelo seu trabalho.

28 maio 2010

Festim


Desde que o primeiro-ministro anunciou o primeiro pacote de contenção e aumentos fiscais para todos os portugueses, há duas semanas, os gabinetes dos seus ministros e secretários de Estado contrataram cerca de 15 novos assessores e adjuntos. AQUI    

Grande parte dos membros do gabinete de Pedro Passos Coelho na sede nacional do partido foram nomeados assessores do grupo parlamentar do PSD, sendo assim remunerados pela Assembleia da República. AQUI

entretanto:

O Conselho de Ministros de 27 de Maio aprovou um diploma que visa regular a eliminação de algumas medidas que tinham sido adoptadas transitoriamente no auge da crise económica internacional. São eliminadas: a prorrogação por 6 meses da atribuição do subsídio social de desemprego, a redução do número de dias de trabalho para atribuição deste subsídio, a majoração de 10% do subsídio de desemprego para os agregados desempregados com dependentes a cargo, o alargamento aos escalões 2 a 5 do adicional ao abono de família para despesas de educação, o Programa Qualificação-Emprego, a redução de 3% da taxa social única para micro e pequenas empresas, a requalificação de jovens licenciados em áreas de baixa empregabilidade, e o reforço da linha de crédito bonificada para criação de empresas por desempregados. A eliminação progressiva destas medidas adequa-se à nova fase de evolução da economia portuguesa e inscreve-se nas medidas de redução da despesa pública.

Dificilmente esta gente poderia ir mais longe no cinismo, na arrogância e na prepotência.
Agora, espera-nos a segunda dose. Vem aí o duplo, a segunda edição, com todos os protegidos a precisarem de lugar para serem colocados. Vão continuar o repasto (claro que depois de se pagarem as indeminizações aos amigos que saem...).

27 maio 2010

Shìjiè bùnéng bǎocún, gāi ànjiàn kěnéng shì yóu wéiguī *

O nosso olhar não o vê à primeira vista. A atenção do fotógrafo parece estar no grupo de homens que brigam na rua. Mas olhemos melhor no lado direito. O menino: franzino, assustado, imóvel. Olha, mas noutra direcção. Parece desfocado.
Não deixa de ser estranho que a briga decorra nas suas costas - envolvendo o pai, segundo a notícia - e o menino não lhe dê atenção. Não observa, não toma nenhuma atitude. Porque não quer? Porque tem medo? Mas se tem medo, porque não foge, porque não corre a esconder-se ou a procurar refúgio em qualquer buraco? E porque não vai em busca de ajuda para o pai?
Olhe-se então melhor, que para isso as fotografias são boas, param o tempo, fixam-no para sempre. E o tempo deste menino de oito anos parou. Porque se os nossos olhos se fixarem nas costas do menino veremos, sem dificuldade mas com horror, que ele não se mexe porque não pode. Não pode porque o braço direito está ligado ao esquerdo por um cabo que o fixa ao poste. O menino está preso ao poste, exposto com um cartaz que diz apenas "ofertas abertas", para que alguém o leve dali pelo melhor preço que pagar ao pai. O cartaz, diz a notícia, acrescenta que o menino é "capaz de executar trabalhos árduos"...
Viver, claro.

(*) O mundo só poderá ser salvo, caso o possa ser, pelos insubmissos - André Gide (traduçao romanizada)

Notícia AQUI

26 maio 2010

Hoje, "JE SAIS, JE SAIS QU'ON NE SAIT JAMAIS!"


                               

Para todos os amigos que comigo aqui chegaram... e para a Catarina, claro!.

Música Maintenant je sais, Jean Gabin

Cegonhas na A29


Há muito tempo que não venho aqui e espero que me perdoem.
Há épocas assim, só apetece estar no ninho, ou no sofá, a ver a crise e os senhores a falarem muito sobre como se põe um país na ordem.
Outras vezes faz-nos bem ir de carro, pela A29, enquanto não há portagens. Só pagamos a gasolina e contribuímos para o aumento do caos.
Quando passo por esta estrada, fico sempre extasiada com as cegonhas, muito quietas, nos ninhos, alheias ao enorme barulho e movimento dos carros.
Que pensarão elas? Não se mexem, nem pestanejam. Por que escolhem o último lugar do mundo para fazer casa? Ah, e não estão sós, são várias, em condomínio.
Cuidam dos ninhos, tomam conta dos filhotes e ali estão, altivas, imponentes.
Será que têm anseios de portageiras, ou estão, simplesmente a tomar conta de nós. Sim, porque toda a gente abranda e sorri. Vale a pena.
Abraço. Parabéns, Paulo, também tu vales a pena.

22 maio 2010

A irreprimível tentação do acessório



A prova de vida parlamentar das deputadas Teresa Venda e Rosário Carneiro vem ao encontro de "l'air du temps" e avança com mais uma medida de austeridade: cortar nos feriados, eliminando quatro (Corpo de Deus, Dia de Todos os Santos, 5 de Outubro e 1.º de Dezembro) e acrescentando um (o "Dia da Família") de modo a obter mais três dias de trabalho por ano, o que, ninguém duvida, contribuiria decisivamente para a resolução dos problemas do país, mesmo faltando à gregoriana proposta o golpe de asa bastante para arranjar trabalho nesses dias aos 730 000 portugueses desempregados.
E, já que o Governo suspendeu a terceira ponte (a ponte suspensa) sobre o Tejo, as deputadas propõem que se acabe também com as pontes do calendário, transferindo o 25 de Abril , o 1.º de Maio, o 15 de Agosto e o 8 de Dezembro para segundas ou sextas-feiras e passando a terça-feira de Carnaval a ser, conforme os anos, a "segunda-feira de Carnaval" ou a "sexta-feira de Carnaval".
Comemorar o 25 de Abril a 24 de Abril (e porque não o 1.º de Maio em 28 de Maio?) é, além do mais, uma ideia capaz decerto de render muitos votos.

Manuel António Pina, AQUI
Foto Richard Avedon

De vez em quando, gente que se senta no Parlamento por razões dificilmente compreensíveis tem uns assomos de opinião. E opina.
O País está sob o ataque mais violento das últimas décadas por parte da pior cáfila de agiotas de que há memória, o desemprego atinge números duma insuportável indignidade, a fome e a miséria adivinham-se e há personagens que saem da sua mudez para largar bacoradas que só servirão para agradar aos chefes & amigos.
M. A. Pina, como é hábito, topa-os à légua e zurze-os como ninguém.

20 maio 2010

Da origem do espírito

Mas o que há aqui de mais notável, é que todas as mais vivas & subtis partes do sangue, que o calor rarefez no coração, entram sem cessar em grande quantidade nas cavidades do cérebro. E a razão que faz com que elas para aí vão mais do que para outro lugar algum, é que todo o sangue que sai do coração pela grande artéria, toma o seu curso em linha recta para esse lugar, & que, não podendo todo ele aí entrar, posto que não tem para isso senão passagens bastantes estreitas, só lá entram aquelas das suas partes que são as mais agitadas & as mais subtis, enquanto o resto se espalha por todos os outros sítios do corpo. Ora estas partes muito subtis do sangue compõem os espíritos animais. E não têm necessidade para esse efeito de receber outra mudança alguma no cérebro, mas separam-se nele das outras partes do sangue menos subtis.
Por isso a que aqui chamo espíritos, não são senão corpos, & não têm outra propriedade, salvo que são corpos muito pequenos, & que se movem muito depressa, à maneira das partes da chama que sai de um archote: assim é que não se detêm em lugar algum; & que à medida que alguns deles entram nas cavidades do cérebro, deste saem também alguns outros pelos poros que há na sua substância, os quais poros os conduzem aos nervos, & daí aos músculos, através do que movem o corpo de todas as diversas maneiras segundo as quais pode ser movido.

René Descartes, As Paixões da Alma, Ed. Fim de Século, 2009

Prémio Dardos

Dois bons amigos que fazem dois magníficos Blogs, Entrelugares  http://entrelugares.blogspot.com/   e ALFOBREde Letras http://alfobre.blogspot.com/    tiveram a gentileza de nos atribuir uma distinção que muito nos honra.
Tentaremos em breve responder à solicitação que nos é feita de indicar outros Blogs merecedores da distinção.
À Keila e ao César o nosso obrigado  e a certeza de que nos têm como seguidores sempre presentes e admiradores do seu trabalho.

19 maio 2010

Um filho e o pai na berma da vida

O meu pai estava na berma da estrada, junto ao carro dele. Estava à espera, com um bidão de plástico na mão, que alguém lhe desse boleia. Eu ia de mota, com um capacete que me tapava a cara.
Detive-me junto dele sem me identificar.
- Ficou sem gasolina? - perguntei
- Sim - respondeu
- Suba.
O meu pai subiu para a mota sem me ter reconhecido. Havia cinco anos que não nos víamos nem nos falávamos. A última vez em que nos déramos um abraço fora no enterro da minha mãe. Depois, sem que tivesse acontecido nada entre nós, fôramos espaçando as chamadas telefónicas até que a comunicação se cortou.
Reparei na forma como baixava a cabeça para se proteger do vento. Sem dúvida reparou na alça do meu sapato direito, pois tinha essa perna mais curta que a esquerda. O meu pai comentara muitas vezes o desgosto que tiveram quando, depois de eu nascer, o médico lhes deu a notícia. Eu nunca vivi isso como um drama, mas sempre me pareceu que eles se sentiam responsáveis por aqueles centímetros a menos, ou a mais, conforme se veja: jamais consegui averiguar qual das duas pernas eles consideravam defeituosa.
Eu guio com muirta agilidade, esgueirando-me por entre os carros com movimentos que de um certo ponto de vista poderiam parecer imprudentes. Reparei que o meu pai, apesar do pudor que lhe causava o contacto com outro homem, se agarrava ao meu ombro com a mão esquerda enquanto tentava colar à sua coxa o bidão de plástico que leveve na direita. Percebi que não deixava de olhar para a alça do meu sapato. Sem dúvida, ter-se-à interrogado sobre a possibilidade de que eu fora o seu filho. Talvez se lembrasse da sucessão de médicos pelos que passara, a cadeia de radiografias, o rosário de soluções, para chegar por fim àquele remédio simples, mecânico, de colocar um pequeno suplemento no sapato da perna mais curta.
Então, exerceu no meu ombro uma pressão que poderia interpretar-se como um sinal de afecto a que eu não respondi.
Pouco depois chegámos à bomba de gasolina, onde desceu da mota com o bidão de plástico na mão. Disse-lhe que não podia levá-lo de volta ao carro e ele respondeu que não me preocupasse, que já encontraria alguém. Reparei que tentava ver a minha cara através da viseira fumada do meu capacete.
Naquela noite o telefone tocou duas vezes em minha casa, mas desligaram quando atendi.

Juan José Millás, Os objectos chamam-nos, Ed.Planeta, 2010

Millás convoca-nos para o quotidiano em que não reparamos por ser tão comum. O retrato de uma realidade que supera, de longe, a ficção,, numa escrita profunda, densa e exemplar na capacidade que tem de criar ambientes e personagens.
Como se diz na apresentação deste livro: "Seja bem-vindo ao mundo de Juan José Millás".

17 maio 2010

O gajo do café, o ajudante nº 3 e o patrão

 ... ou, se quiserem, práticas prováveis de aplicação da teoria lusa da produtividade.


imagem da net

16 maio 2010

A indomável paciência da Mestre


EXPEDITO, tímido, fala às vezes o que não quer:
"Você tem umas pernas tão bonitas, boas pra gente bater um papo".
Ai, que susto, Expedito, paradão.Você bem que quer, hein? Te falta é jeito, te falta é, em pequeno, ter tido coragem de desejar não ter mãe.
"Vão tomar banho comigo, gente?" 
É o que você disse com modos de quem pede licença pra fechar a porta, eh Expedito, com a sala cheia de moças! Se aproveita para falar  o que você pensa, ou você não pensa, Expedito, fica só sentindo, inocente e aceso?
Parece seminarista, parece regente de meninos cantores, parece um que confundiu a religião com o modo. Se eu bato palmas, você se assusta, você fica corado, você baixa os olhos.
Eu deixo você sem fala: te chamo de Dito, bebo o resto de seu café, na sua presença, passo os dedos da mão entre os dedos do pé, como se o que eu sentisse fosse coceira só. 
Você fica atônito, esquece de ir-se embora, me empalha, me deixa sem banho, sem comida, sem ar. Mas eu gosto de proteger o sexo forte.
Melhor estará comigo, que sei o que estou fazendo. Eu tenho paciência com você.
Eu não te largo, Expedito, até você virar expert. Dito? 

Adélia Prado,  Aluno e Mestre

14 maio 2010

Começo por pedir desculpa aos portugueses (diz este agora)


Dificilmente encontramos em qualquer período histórico do País um momento onde a hipocrisia, a subserviência e a colaboração dos dirigentes políticos com o saque, interno e externo,  seja tão  óbvio como este.
Cada vez mais a questão da possibilidade de exercício do poder por parte dos cidadãos através do voto está posto em causa. Sistematicamente, temos a percepção de que os centros de decisão política nos são alheios e de que aqueles que os cidadãos elegem para seus representantes são meros executantes de interesses obscuros.
Temos agora dois, em vez de um, a quererem dizer-nos o que fazer. Desdizendo hoje (ambos) tudo o que ontem afirmaram. Culpando-nos  - a nós - de estarmos a pagar um preço  por todos os abusos, trapaças e falcatruas que eles (os dois) fizeram e vão continuar a fazer.
Apenas porque os deixamos. 

Foto Diane Arbus

12 maio 2010

Sobre difícil compreensão da (i)realidade


Todos nós começamos pelo "realismo ingénuo", isto é, a doutrina de que as coisas são o que parecem. Pensamos que a erva é verde, que as pedras são duras e que a neve é fria. Mas a física assegura-nos que a verdura da erva, a dureza das pedras e a frieza da neve não são a verdura da erva, a dureza das pedras e a frieza da neve que conhecemos  pela nossa experiência, mas algo de muito diferente.

Bertrand Russell, An Inquiry into Meaning and Truth
Foto: Microcosm,   Miao Xiaochun

11 maio 2010

O charme discreto de algum crer

Portugal continua a ser um dos países da Europa com mais cidadãos que acreditam na Igreja Católica. Os portugueses vão pouco à missa, mas garantem rezar bastante em casa......
(Em casa, um terço dos portugueses garante rezar todos os dias).
Foto encontrada AQUI

06 maio 2010

Da "forma irreflectida de tomar posse das coisas"

meliante

(espanhol maleante, que faz o mal ou causa dano, burlador)
s. 2 gén.
1. Pessoa que pratica roubos ou pequenos crimes. = delinquente, gatuno, marginal
2. Pessoa que não trabalha. = malandro, vadio
(Dicionário Priberam da Língua Portuguesa)

05 maio 2010

Hoje, que se comemora o Dia da Língua e da Cultura nos países da CPLP

...Palavras chave como boa-governação, "accountability", parcerias, desenvolvimento sustentável, capacitação instuticional,auditoria e monitoramento, equidade, todas estas palavras da moda acrescentam uma grande mais-valia (eis outra palavra da moda) às chamadas comunicações (deve-se, de preferência, dizer "papers"). Mas devem evitar-se traduções feitas à letra se não acontece-nos como ao palestrante - já ouvi chamarem de painelista, o que, além de pouco simpática, é uma palavra perigosa-; pois esse palestrante, para evitar dizer que ia fazer uma apresentação em "power - point", acabou dizendo que ia fazer uma apresentação em "ponta-poderosa". O que pode sugerir maliciosas interpretações.
O problema do desenvolvimentês é que só convida a pensar o que já está pensado por outros. Somos consumidores e não produtores de pensamento. Mas não foi apenas uma língua que inventámos: criou-se um exército de especialistas, alguns com nomes curiosos, e tenho-os visto em reuniões diversas: já vi especialistas em resolução de conflitos, facilitadores de conferências, workshopistas, "experts" em advocacia, engenheiros políticos.
Estamos empenhando o nosso melhor manancial humano em algo cuja utilidade deve ser interrogada.
A grande tentação hoje é reduzirmos os assuntos à sua dimensão linguística. Falamos, e tendo falado, pensamos ter agido. (...)
Tornou-se comum a ideia de que o desenvolvimento é o resultado acumulado de conferências, "workshops" e projectos. Eu não conheço país nenhum que se tivesse desenvolvido à custa de projectos.
Vocês, melhor que ninguém, sabem disto. Mas quem lê os jornais verifica como está enraizada esta crença. Isto apenas ilustra a atitude apelativa que prevalece entre nós de que os outros ( na nossa linguagem moderna os "stake-holders") é que têm a obrigação histórica de nos retirar da miséria.

Mia Couto, publicado em Savana, 2002

Há uma evidente proximidade entre a realidade (liguística) de Moçambique, relatada neste texto de Mia Couto e a nossa.
País pequenino, periférico e engravatado, pensamos também que é com  este liguajar de banqueiro e tecnocrata aprumado que ganhamos horizontes. Não é, até porque tudo isto  é sintoma e sinal duma enorme  incapacidade de um pensar original, de um reflectir profundo sobre problemas que, sem qualquer dúvida, teremos de ser nós a solucionar.

03 maio 2010

"Os livros são objectos transcendentes" *

Foi este o dia - Dia da Liberdade de Imprensa - que o Marcas e outros blogues associados escolheram para  concretizar o desafio de uma blogagem colectiva.  É que o  vídeo revela uma descoberta assombrosa. Em letra de imprensa.


* verso do poema Livros, faixa 2 do Álbum Livro, de Caetano Veloso, 1999.

Em letra de Imprensa


Comemora-se hoje o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa.

A liberdade de expressão está consagrada no Artigo 19º da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Uma imprensa livre é, portanto, um factor essencial da liberdade e igualmente importante na protecção de todos os Direitos Humanos.
No entanto, pelo mundo, tanto na guerra como na paz, poucos estados levam a sério suas obrigações a respeito do assunto. Em situações de conflito, tais como os do Iraque ou do Afeganistão, mais que oferecer protecção face aos sérios perigos que os jornalistas enfrentam, as autoridades restringem a capacidade desses profissionais para informarem livremente.

O Prémio Unesco-Guillermo Cano de Liberdade de Imprensa é atribuído, este ano, a Mónica González Mujica. Esta jornalista chilena foi presa e torturada várias vezes, há cerca de 25 anos, quando retomou uma reportagem de investigação sobre a ditadura militar no Chile, trabalho que interrompera após o golpe militar de 1973 e pelo qual fora obrigada a passar quatro anos no exílio.

No ano passado, a UNESCO condenou os assassinatos de 77 jornalistas, a maioria dos quais não era vítima de guerra, mas repórteres que faziam a cobertura de notícias locais.
Sabemos que isto existe. Como sabemos, também, que uma maior liberdade deve conduzir a uma maior consciência e responsabilidade. Livre, mas também livre dos interesses do sistema. No jornalismo, como em tudo o que seja a busca da verdade.