O barulho das aves selvagens, que roçam pela carlinga, desperta-me do torpor da viagem. Por instantes apoio-me na cadeira, olho em volta e volto a adormecer, sem dar pelos temporais de areia e sangue que arrastam a aeronave.
De vez em quando vejo uma aldeia, de noite, iluminada por grandes fogueiras. Abro a escotilha e grito:
- Deus chegou! Deus chegou!
Sem ter a certeza de que me ouçam. No entanto, faz-se em toda a terra um silêncio, e ouço distintamente o barulho das asas da Morte.
3 comentários:
Por vezes, é de longe, ou bem no alto, que nos é possível reconhecer a realidade na sua maior autenticidade.
Muito belo post.
Abraço a todos do Marcas.
Ana Paula, olá. À medida que nos aproximamos do momento de "aterrar" fica mais clara toda a realidade que se adivinhava "lá em cima".
Obrigado, abraço nosso.
Que bela imagem de Lisboa by night!
Sempre bela a poesia de Ruy Belo...
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