Esta noite o sonho voltou.
Nisto de sonhos sou pouco versado, sei que há os bons, os pesadelos e os outros, de que nem nos lembramos.
Este de que falo é recorrente nas minhas noites. Não o sei traduzir nem interpretar, sei apenas que me sinto bem nele. Quando acordo, conservo uma desmedida sensação de bem-estar, de conforto e de regresso.
“Chego a casa e está tudo igual. Os aromas, as cores e a luz oblíqua que entra como uma neblina pela varanda e se espalha no soalho encerado. Percebo ali uma espécie de desarrumação morna e colorida onde me sinto bem.
Subo os dois degraus que continuam a ranger e entro na sala onde o pick up de botões de baquelite toca como da última vez. Na mesa está um prato com um resto de pudim de caramelo. Por cima da música, ouço a algazarra familiar dos vizinhos e pela fresta da porta chegam os sons iluminados da cozinha. Não identifico vozes, sinto apenas um intenso aconchego que me faz sorrir, enquanto me viro e pouso as mãos no couro gasto do orelhudo junto à lareira.
Enquanto a porta se fecha, sento-me no degrau... e apetece-me guardar este tempo, na redoma dos dias bons”.
Enquanto a porta se fecha, sento-me no degrau... e apetece-me guardar este tempo, na redoma dos dias bons”.
6 comentários:
Meu caro Paulo,
Isso é fantástico! Deve ser o ambiente ideal, para o "repouso do guerreiro".
Um abraço
César
Gosto desse sonho.
Continua, Paulo.
Ó pra minha "nova" imagem...pena é que já tenha trinta anos, a imagem.
E não é esse sonho de aconchego que dá mais vontade de "memorar"!? Belo texto Paulo!Beijos
Maravilhosas estas "viagens" que nos oferece, amigo Paulo.
Reunidos num só comentário, aqui lhe deixo os meus sinceros parabéns pelas deliciosas efabulações que li.
Um abraço
João Morais
E eu, digo-lhe que este seu sonho deu um belíssimo pensamento/momento literário!
César, apesar de o guerreiro pouco repousar, concordo. Os sonhos, trazendo imagens tão aconchegantes, criam os ambientes propícios aos retornos...e a sonhar :):). Abraço
Clara, a tua nova imagem é um "up grade", parece que foi ontem!
Beijos
Keila, nada como o seu falar para inventar as palavras certas. "Memorar", que verbo mais bonito! Beijos e obrigado, eu.
João Morais, obrigado, amigo. Não se esqueça do seu impulso para o retorno à efabulação. Está-se bem nesse registo. Abraço.
Relogio, obrigado. Um belo pensamento, sim. "Momento literário" é bondade sua :):)
Beijinho
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