02 outubro 2010

Uma árvore que canta


Um dia, o avô plantou uma árvore. 
Os dias correram, como correm os dias. 
Nasceram os filhos, cresceram, o avô foi ficando.
A árvore, grande, esbelta e o avô sentado à sombra, a pensar na vida.
Quando, na hora grada, por Setembro, os pássaros voltam aos ramos, é uma árvore que canta.
E o tempo foi passando, como passa o tempo.
Depois, um dia, muitos anos depois,veio um vento grande e a árvore tombou.
Na paisagem desolada, os troncos deitados descansam.
Dos troncos se fez o lume que nos aquece em noites de invernia.
Sentados à volta do lume, falamos do avô e dos dias que passava debaixo daquela árvore.
De um dos ramos maiores se fez uma caixa.
Polimos, pintámos envernizámos.
No tampo escrevemos o nome da neta.
Hei-de contar-lhe a história dessa árvore, da árvore que canta.

(Pintura de Lúcia Maia)


1 comentário:

Nina Blue disse...

É o tempo que passa,a árvore que canta,palavras que por aí hão...
Percebo cada vez mais, que nada,
nada é em vão...