30 novembro 2010

Pessoa(s)














              (13/06/1888 - 30/11/1935)


O meu pensamento só muito devagar atravessa o rio a nado
Porque lhe pesa o fato que os homens o fizeram usar.

Procuro despir-me do que aprendi,
Procuro esquecer-me do modo de lembrar que me ensinaram,
E raspar a tinta com que me pintaram os sentidos,
Desencaixotar as minhas emoções verdadeiras,
Desembrulhar-me e ser eu, não Alberto Caeiro,
Mas um animal humano que a Natureza produziu.

Alberto Caeiro, Poema XLVI (excerto), in Poemas, Ática, 1970
Foto daqui

1 comentário:

Ana Paula Sena disse...

...e é tão importante recordar essa condição de tão somente um animal humano...

:) Deixo um beijinho, querida C.