O homem que cavalga longamente por terrenos bravios sente o desejo de uma cidade. Finalmente chega a Isidora, cidade onde os prédios têm escadas de caracol incrustadas de búzios marinhos, onde se fabricam artísticos óculos e violinos, onde quando o forasteiro está indeciso entre duas mulheres encontra sempre uma terceira, onde as lutas de galos degeneram em brigas sangrentas entre os apostantes. Era em todas estas coisas que ele pensava quando desejava uma cidade. Assim Isidora é a cidade dos seus sonhos: com uma diferença. A vida sonhada continha-o jovem; a Isidora chega em idade tardia. Na praça há um paredão dos velhos que vêem passar a juventude; ele está sentado em fila com eles. Os desejos são já recordações.
Italo Calvino, As Cidades Invisíveis
Pintura: De Chirico
5 comentários:
Adoro esta obra. Leio-a e volto a reler com redobrado prazer.Bela escolha!
P.S. Fora de contexto: há um prémio no «BC» para este blogue. Parabéns!
Tão bem escolhida a imagem. Gosto muito de De Chirico, e, claro, o texto de Calvino era muito bom!
Grande abraço!
o falcão
Austeriana, I. Calvino é uma referência e um refúgio nestes tempos. Obrigado (também pelo prémio).
MJ FALCÃO, De Chirico tem muito a ver com o universo dos contos de I.Calvino. Abraço forte.
Lindo...hace mucho que no entraba por las marcas del agua que nos enseñan tanto.
un abrazo
momo, bem vinda!! Abraço
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