Há coisas tristíssimas
Um pássaro num ramo seco de árvore
O ramo sem peso
O homem pobre passa e
sopra
Diz
- o cabrão
fugiu –
As coisas
tristes voam sem grau
O tempo não tem distinção
Chove na luz do lodão
Um outono fraco e vil de ruído
Há uma dor tão fina
Sem saudação e olhos
Como o pássaro
sem peso
No sopro do homem à passagem
Hoje à
tarde não esperei a folha caída da árvore
O homem adiante caminha desde ontem
Vai a soprar o ar da fome escondida
E diz em
frente da loja do chinês
Aqui há de tudo
Já cortaram o ramo seco do lodão sem o pássaro
E o homem
vai lá a frente
e diz
_o cabrão
fugiu -
1 comentário:
Que bom rever-te aqui! Sobretudo o prazer dos versos teus. Fabuloso este: "as coisas tristes voam sem grau".
Valeu a pena esperar por ele.
Abraço grande.
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