03 outubro 2012

O peso da(s) sombra(s)

                




















A Razão Platónica

Há uma doutrina da caverna que consiste em
separar a luz da sombra. Dizem que, para os que
vivem na caverna, a luz é um sonho porque só
conhecem a sombra. Mas, dizem outros, como é
que se pode saber que a luz existe quando nunca
se saiu da sombra? Os teólogos, porém, acrescentam
a estas dúvidas que também o homem, que
nunca conviveu com os deuses, os pôde
imaginar à sua imagem e semelhança; e é
por isso, acrescentam, que a luz surgiu quando
o homem a criou à semelhança da sombra. Isto,
porém, nada tem a ver com a realidade. Quando
o dia nasce, vemos a luz que surge no horizonte em
que o sol se anuncia; e aquilo que era a sombra
que habita a noite dissipa-se quando o céu
se torna azul. Mas os que acreditam na caverna
voltam as costas à realidade; e quando o dia nasce
põem-se à sombra, tapando os olhos à luz,
para concluir que a razão é única,
e o mundo a sua caverna.

in Nuno Júdice, Fórmulas de uma luz inexplicável (poema dedicado a Eugénio Lisboa)

Foto: C.

3 comentários:

Anónimo disse...

Muito bom, C!

Maria Manuel

César Ramos disse...

(...) Eu, que não sou anónimo, li e adorei este trabalho de peso.

Ótima seleção... Tiram-se aqui imensas ilações aplicáveis ao n/quotidiano.

Tenho andado em falta com este nosso "Marcas"... Não sei para que lado virar-me com tanto "trabalho" na Internet!
Não tenho mãos a medir com consultas, respostas e iniciativas minhas!
Se não arranjar 'voluntariado' (risos) que me ajude, lá terei de contratar uns colaboradores!

Um abraço grande
César Ramos

C. disse...

Obrigada e abraço aos dois.

César, o Homem não nasceu para trabalhar...;=))

Manel, saudades muitas, miga.