Sugerido ou estimulado pelos espelhos, as águas e os irmãos gémeos, o conceito do Duplo é comum a muitas nações. É verosímil supor que sentenças como "um amigo é um outro eu" de Pitágoras ou o "Conhece-te a ti mesmo" platónico se inspiraram nele. Na Alemanha chamam-lhe o Doppelgunger, na Escócia o Fetch, porque vem buscar os homens (fetch) para os levar à morte. Encontrar-se consigo mesmo é, portanto, ignominioso (...). Para os judeus, em contrapartida, o aparecimento do Duplo não era presságio de uma morte próxima. Era a certeza de ter encontrado o estado profético...
Jorge Luis Borges, O Livro dos Seres Imaginários
Foto Irving Penn
5 comentários:
Excelente ler algo assim de Borges!
A questão do duplo é interessantíssima. A foto magnífica mostra-o bem.
Obrigada, Paulo. Conheço pouco do fotógrafo, e gostei imenso desta foto, da sua atmosfera enigmática...
Um abraço :)
...e as formas esguias fazem lembrar o povo etíope...
Olá, Ana Paula. Todo o Livro dos Seres Imaginários é plenos de ensinamentos. Literários e de vida. Actuais. Obrigado
Este é um conceito que eu quero estudar com mais calma, é muito pertinente na literatura, que é a minha area de pesquisa. Boa essa referencia do Borges, obrigada por postar.
Esta questão do duplo é fascinante e Borges aborda-a como poucos. Trouxe-me à memória "The Invention of Solitude" e a história das vidas paralelas e das projecções especulares que todos fazemos e somos (?) uns dos outros.
A imagem é magnífica (muito "magritteana").
Abraço.
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