20 agosto 2012

Escrever


Ao sol o gato fez tantas contas invisíveis
Soube do raio do avião viu a pluma do carro
Ouviu a lagartixa na orquídea longe da água natural
Sem  mistério moveu o pêlo numa orelha de luz
Fez  parte do vaso do sol da brisa reuniu a tarde 
Leu-me a  lagartixa amorosa  na flor  rebelde
Deu-me o tempo na  unidade da minha tinta
No papel no vaso e no passeio da lagartixa  
 
 É inútil o que escrevo ou  vaso da orquídea
 Não se tem por balada a rosa ou a garganta 
 É  justa  a  tinta maculada e  o brio dos olhos do gato
 Justo  também se corta o coração com viva a tarde
 E não separa    
 A natureza junta-se ao vento porque escrevo

 Foi  isto
O gato  esteve  à espreita  no canavial de folhas quietas
Olhou  o  vaso com a lagartixa  migradora de azulejo
No seu  caminho de água na  luz  atónita e levantou-se 
Eu senti a tarde com uma só balada
Protegi o ouro dos olhos com precisão

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