Ao sol o gato fez tantas contas invisíveis
Soube do raio do avião viu a pluma do carro
Ouviu a lagartixa na orquídea longe da água natural
Sem mistério moveu o pêlo numa orelha de luz
Fez parte do vaso do sol da brisa reuniu a tarde
Leu-me a lagartixa amorosa na flor rebelde
Deu-me o tempo na unidade da minha tinta
No papel no vaso e no passeio da lagartixa
É inútil o que escrevo ou vaso da orquídea
Não se tem por balada a rosa ou a garganta
É justa a tinta maculada e o brio dos olhos do gato
Justo também se corta o coração com viva a tarde
E não separa
A natureza junta-se ao vento porque escrevo
Foi isto
O gato esteve à espreita no canavial de folhas quietas
Olhou o vaso com a lagartixa migradora de azulejo
No seu caminho de água na luz atónita e levantou-se
Eu senti a tarde com uma só balada
Protegi o ouro dos olhos com precisão
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