Vejo as cabras carregadas de calor
Por entre as pedras e os matos
Esfíngicas dobram as tardes
Pertencem à luz
e ao azul
Deitadas nas sombras
Clareiam a praia
Estão lá em
cima
Carregam a existência pobre
Magras são sinais de companhia viva
São ágeis são amadas
Na fertilidade do amor nos olhos da mulher
Creio que são tão azuis o mar e o
céu
Como suas línguas saltitantes e vivas
Tudo é longe
Como o barco de fome do pescador
Que ali tem a
casa e a mulher
E o neto que afirma ter cabeça de
andorinha
Quando o deitam a voar
Diz isto para que exista e o vejam
E a mulher do pescador que tem os brincos limpos
Como o ouro
de um sol diferente de há muitos anos
Diz das cabras a beleza
Como quem está certa de um amor sempre nascente
Passam os carros
sujos por areias e caminhos pobres
Exibem presunção de viagem e sol posto
São o poder
móvel a incerteza e o
recreio
Na paisagem
A par das cabras do pescador ausente
Da mulher e do neto
Estive eu mediterrânico como um destino
De olhos
levados nas tardes
2 comentários:
"Esfíngicas dobram as tardes", "mediterrânico como um destino" - lindos esses versos, Zé.
Abraço
Gosto muito, Zé!
maria manuel
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