A austeridade tem as costas quentes. Serve para desviar a atenção de propostas divertidas, mas vesgas, como a eliminação dos feriados do 5 de Outubro ou do Dia de Todos os Santos. Existe para que ninguém repare na notícia jocosa que circula pela CGD: que Mário Lino vai para lá para presidente do Conselho Fiscal das companhias de seguros. Expliquem só, por favor, como é que alguém um dia pode ser competente para administrar a Cimpor, no outro dia a REN e finalmente vá como fiscalista para o universo do banco do Estado? A austeridade funciona para que ninguém repare que se fecham centenas de escolas no interior do País. A austeridade é a máscara que comprámos para que o Carnaval seja todo o ano. Em nome dela podem continuar a multiplicar-se os dislates, a insistir-se nos mesmos erros, a confundir os portugueses com cortes que afectam apenas quem não pode ou não deseja fugir à lei. Mesmo com austeridade, Portugal continua a engordar para os lados. Já se sabe para que vai servir esta austeridade: para que, quando as contas estiverem minimamente equilibradas, regresse o regabofe sem pudor. Porque, entretanto, ele vai continuar dentro do princípio de vícios privados e públicas virtudes. A história de Portugal, neste aspecto, é tão previsível como uma fotocópia. Como é que se pode levar a sério a austeridade e os sacrifícios pedidos aos portugueses se a elite oficial deste sítio se continua a comportar assim? A crise não ensinou nada a esta gente que se julga a viver no último andar do Empire State Building. Está. Até um dia cair.
Foto Google
1 comentário:
A foto que ilustra este post vale por mil palavras. Mas estas palavras, são de facto, o espelho do país em que vivemos. Não há volta a dar, nunca aprenderemos a lição, nunca!"Jamais"!
E o Estado continua a fazer agrupamentos para tudo e mais alguma coisa; na saúde, na educação e sei lá mais em quê.
Agrupem-se mas é, as gentes deste país e faça-se uma nova ReVoLuÇão! Nesta, eu quero participar porque já tenho idade para me revoltar.
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