O oficioso "Osservatore romano", que o Vaticano costuma usar para atirar pedras escondendo a mão, achou que a morte de Saramago seria boa altura para o apedrejar, tanto mais que, agora, ele já não pode defender-se. O apedrejador de serviço meteu, por isso, mãos à vaticana obra e, mesmo não percebendo por que motivo terá Deus deixado Saramago viver até à "respeitável idade de 87 anos" e andar por aí a exibir uma "crença obstinada" não nos dogmas da Igreja mas nos do materialismo histórico, condenou-o às chamas do Inferno (infelizmente a Igreja já não tem poder para condenar gente como Saramago à fogueira na Terra). Também Cavaco tem queixas de Saramago mas, no seu caso, só protocolares pois, ao contrário do Vaticano, Cavaco não é rancoroso. Saramago não teve, de facto, o cuidado de acertar a data da morte com a agenda da Presidência, o que impediu o presidente de ir ao funeral. Saramago devia saber que Cavaco "gosta de cumprir promessas" e que prometera "à família que no dia 17 partiria com eles para a ilha de S. Miguel".
Ora regras de concordância gramatical podem interromper-se, férias não.
Manuel António Pina AQUI
4 comentários:
Sem comentários. Não é mesmo preciso dizer mais nada, os actos falam por si.
Às vezes (demasiadas), parece que ainda estamos nos tempos da Inquisição.
marteodora, há gestos que apenas confirmam a incapacidade de certa gente em sair da sua dimensão paroquial.
Ana Paula, a tolerância, a aceitação do outro e das suas ideias, é um valor intrínseco em pessoas e instituições com uma dimensão universal.
Eu gostei que Presidente da República não tivesse vindo ao funeral de Saramago, afinal descontados o ressabiamento e a hipocrisia, a cerimónia adquiriria um estatuto de funeral de Estado . Ora Saramago não era um Homem de Estado, era um escritor de uma Nação e não só. Cavaco sendo um homem de Estado , não é um homem de uma Nação e o mais longe que chega é a uma paróquia de vizinhos do qual se destaca fazendo contas . Merceeiro , portanto!
Um abraço
______ JRMARTO
Enviar um comentário