17 agosto 2012

Em Montemor não beberei


Em  Montemor  bebi  
E com um lenço  na mão 
Brandamente escondi
A  morte

Eram  muitos  os   meus   amigos 
Presentes
Mas  só  eu  vi  a árvore de forca
À beira da estrada
Só  eu  vi o gavião  dobrar  asas
No  céu indiferente  a quem passava 
Só  eu  vi  e pela morte  passei

Bebi   com os  meus  amigos
E  com lenço  cru  escondi
A morte em  Montemor  

Quis  sozinho  esperar  por um  outono
Só  meu
Sem  beber  em  Montemor  
Devassado  pelo grito
Da  árvore  de forca
À beira  da estrada

Em  Montemor   não beberei
Nem  verei  a árvore  da forca
Onde  achei   o vagabundo  
O  errante  sem  luto
Morto  às expensas  da lei


2 comentários:

MJ FALCÃO disse...

Um poema que me impressionou! Obsessivo. Com alguns versos lindos.
Gostei.
o falcão

Anónimo disse...

Triste. Muito bonito.

maria manuel