"Assim ela ficou presa, mas sem vaidade, à paisagem do seu eu, que tinha diante dos olhos sob uma película de vidro. Chegou aos cabelos, que continuavam claros e aveludados; abriu a gola à imagem do espelho e afastou-lhe o vestido dos ombros; despiu-o em seguida completamente, examinando a imagem até às conchas rosadas das unhas, onde o corpo termina nas mãos e nos pés e já mal é pertença sua. Tudo era ainda como o dia citilante a aproximar-se do zénite: ascendente, puro, nítido, atravessado por aquele tempo-de-devir de antes do meio dia, que se manifesta de forma indescritível numa pessoa ou num animal jovem como numa bola que ainda não alcançou o ponto mais alto, mas está pouco abaixo dele..."
Robert Musil, O Homem Sem Qualidades
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