Por que escrevemos em blogues?
Por que nos encontramos aqui regularmente, concordando, discordando, aplaudindo,reagindo?
Que coisa é esta de procurar imagens, inserir um texto, nosso ou de outrém?
O que nos leva, noite dentro, a ficarmos por aqui e a tratarmos por tu nós-personagem, nós-cidadão, nós- íntimo?
Que coisa é esta que nos impele a partilhar, confessar, escolher?
Esta a pergunta que vos faço.
3 comentários:
Clara, respondo à tua pergunta:
A vertigem trazida ao quotidiano pelos meios de comunicação audio visuais (rádio e TV) tornou, aos poucos, obsoleto o jornal de papel como fonte de actualidade. Tem a vantagem de permitir ao leitor alguma liberdade de escolha de conteúdos, ou de ele poder determinar a sequência de acesso às várias notícias; tem a crónica, a escrita de opinião, mas até isso passou a existir nas TVs.
O aparecimento da Internet, agora com a explosão de blogs e twiters, possibilita uma amplificação do que já havia superado os jornais: rapidez informativa, imagem som e texto e, mais importante que tudo, é uma fonte inesgotável de informação (erudita, popularucha e assim assim).
Com os blogs a surpreendente possibilidade de sermos também emissores de notícia e /ou opinião; mais, tendo garantida leitura por gente do mundo inteiro! Quem imaginava esta maravilha há 5 ou 10 anos...
Por outro lado, a proposta de aldeia global veio ao encontro duma enorme necessidade de comunicação. Acabadas as tertúlias de café, passando os serões de convívio (amigos, família)para as épocas festivas, aqui há a oportunidade de vir ao "café", ou "sentar no sofá" e falar do último livro, do filme ou da má lingua mais recente (sem sair de casa).
E não há "males" desta comunicação? Penso que as desvantagens são algumas das vantagens: a ampla difusão do que se diz, escreve ou mostra. Tudo chega sem qualquer filtro, com alguma irresponsabilidade do emissor, a todo o lado. Basta ler os comentários (anónimos na maioria dos casos)em blogs mais intervenientes ou conhecidos para se perceber que a tertúlia de café se pode tornar numa algazarra insuportável e, tantas vezes, ofensiva.
Mas é interessante perceber como por "aqui" se acolhe gente valiosa (auto)afastada dos espaços de decisão política, descrente já do sistema... ou como há (por vezes) tanta narcísica vaidade que se passeia, seduzindo, com a magia das palavras, quem se confunde e pensa que este é um "café" como os outros onde toda a gente se ia conhecendo ou, pelo menos, se viam os olhos de quem falava.
Beijo
Excelente, Paulo,uma síntese perfeita. Este é o último espaço de liberdade e cidadania, agora que os cafés se tornaram bancos e os poucos que existem são para servir refeições rápidas.
Nestas esplanadas, podemos falar de tudo, desde a política à música, passando pelas receitas de cozinha e pelo fait-divers.
Às vezes penso nos nossos pais e avós, de como eles gostariam de estar aqui a cavaquear, sem medo nem peias.
Oxalá ninguém se lembre de silenciar os bloggers.
Concordo com o que foi dito e acrescentaria outra vertente.
Mesmo quando não nos apetece falar/comunicar,termos a possibilidade de povoar a nossa solidão, confortavelmente instalados na esplanada, a "cuscar" as conversas dos outros, sem corrermos o risco de sermos indiscretos...
AC
AC
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