29 agosto 2009

A cosmética da ética

«É impossível não ver no programa eleitoral do PSD ontem apresentado, e no anúncio pela dra. Ferreira Leite de políticas de firme combate a medidas da dra. Ferreira Leite, a mão maoista (ou o que resta dela) de Pacheco Pereira, a da autocrítica.
Assim, se chegar ao Governo, a dra. Ferreira Leite extinguirá o pagamento especial por conta que a dra. Ferreira Leite criou em 2001; a primeira-ministra dra. Ferreira Leite alterará o regime do IVA, que a ministra das Finanças dra. Ferreira Leite, em 2002, aumentou de 17 para 19% ; promoverá a motivação e valorização dos funcionários públicos cujos salários a dra. Ferreira Leite congelou em 2003; consolidará efectiva, e não apenas aparentemente, o défice que a dra. Ferreira Leite maquilhou com receitas extraordinárias em 2002, 2003 e 2004; e levará a paz às escolas, onde o desagrado dos alunos com a ministra da Educação dra. Ferreira Leite chegou, em 1994, ao ponto de lhe exibirem os traseiros. No dia anterior, o delfim Paulo Rangel já tinha preparado os portugueses para o que aí vinha: "A política é autónoma da ética e a ética é autónoma da política". »

6 comentários:

A disse...

É uma espécie de Dr Jekyll/ Mr Hyde... Sócrates também já "vagueou" por esta polaridade. Oportuno! Parabéns.

JOSÉ RIBEIRO MARTO disse...

Quem se lembrará ?
A memória é sempre curta , e imaginação não ... PRefiro que ela fale assim , todos sabemos quem é , o que quer onde situa , agora o outro , fazia e fez uma coisa e dizia dela outra !
Oportuno !
____ ABRAÇO
______ JRMARTO

M.Reis disse...

O comentário de Manuel Pina é, evidentemente, clarificador sobre o que a coligação PSD-CDS iria fazer num eventual governo. Creio que 35 anos de eleições chegam para não se continuar a votar segundo o princípio da rotatividade PS-PSD. Uma questão: qual é, para o leitor do "Marcas d'Água", o critério fundamental para justificar o voto no dia 27 de Setembro próximo? Isto é, qual a alternativa à política do PS-Sócrates?

A disse...

Caro M. Reis,
O critério fundamental para justificar o voto é o da verdade mas da verdade de não tomarem os votantes por parvos. Dito de outro modo, todos sabemos que os partidos não têm que ser academias de seriedade, pois em quase todos eles (como no mundo...) existe gente mais e menos séria. A questão que se coloca é se deve ser mantida a alternância entre PS e PSD no governo. Os dois partidos querem-nos convencer que, sem eles o país fica ingovernável, ou seja, subestimam a inteligência do eleitorado, e isso é intolerável. Quanto a alternativas, parece-me que pior do que o estado a que isto chegou é difícil. Não vou fazer aqui declaração de voto, até porque quero ver, ouvir e ler o que aí vem. Todavia, tenho a certeza de que não vou votar PS nem PSD.

Paulo disse...

Amigos,subscrevo (e agradeço) a opinião de Austeriana e subscrevo-a na totalidade.
Entretanto, quero dar uma resposta a M.Reis, a quem agradeço a contribuição. Em minha opinião, nos últimos anos não tem havido, em rigor, uma alternância de poder entre PS e PSD. Temos sim sido "governados" por uma coligação de interesses (envolvendo sectores sociais que se revêm no CDS, no PSD e em franjas do PS) que, num ou noutro momento, alterna no que respeita aos seus executantes. Daí que, em 27 de Set.a minha escolha terá de ser entre o voto nulo ou o voto num dos partidos que tem estado fora do arco do poder.Qualquer outra opção será "mais do mesmo", com a continuação da degradação da vida cívica, cultural, social e política deste lugar.

clara disse...

Li algures que quando o PS ganha, arrecada o poder político, mas não o económico que fica sempre na área de poder do PSD. Daí a uma coligação permanente é um passo. A coligação PSD-PS sempre existiu.
Sócrates fez coisas bem feitas, mas propagandeou demais.
Tenho votado no PS, por uma questão pragmática e porque, apesar de tudo, ainda há alguma identificação cultural.
Agora esta mandatária para a juventude, valha-nos o deus da democracia!