"Barroco Tropical" é o novo romance de José Eduardo Agualusa.
“Estamos mergulhados na luz. Estamos afundados no obscurantismo e na miséria. Somos incrivelmente ricos. Produzimos metade dos diamantes vendidos no mundo. Temos ouro, cobre, minerais raros, florestas por explorar e água que não acaba mais. Morremos de fome, de malária, de cólera, de diarreia, de doença do sono, de vírus vindos do futuro, uns, e outros de um passado sem nome” (pág. 93).
Agualusa atreve-se a denunciar, não há dúvida. Com ou sem liberdade poética, a denúncia espreita a cada página. Mas não derrota. É no próprio sogro do escritor do romance que coloca as palavras: ”O país caiu nas mãos de quimbandeiros e de aventureiros sem escrúpulos. Não podemos baixar os braços. A luta continua. A vitória é certa” (pág. 331).
Agualusa atreve-se a denunciar, não há dúvida. Com ou sem liberdade poética, a denúncia espreita a cada página. Mas não derrota. É no próprio sogro do escritor do romance que coloca as palavras: ”O país caiu nas mãos de quimbandeiros e de aventureiros sem escrúpulos. Não podemos baixar os braços. A luta continua. A vitória é certa” (pág. 331).
Porque o escritor – o protagonista da história, Bartolomeu, ou o autor, Agualusa – é um artista: “Deixem-nos a nós, os artistas, sentir muito – o nosso ofício é sentir muito. Médicos, advogados, políticos, engenheiros, prostitutas, proxenetas, psiquiatras, militares não podem sentir muito. Sentir muito prejudica-os na sua actividade” (pág. 321)
in A Das Artes
3 comentários:
Sim, o ofício dos artistas "é sentir muito" e é também fazer-nos sentir muito, acrescentamos nós, leitores.
Tenhamos a esperança de que haja cada vez mais leitores angolanos de José Eduardo Agualusa...
Já tinha vontade de ler. agora, saio com mais.
gosto muito do sentir muito de Agualusa.
Pois é, tem uma grande agilidade narrativa, constrói muito bem os diálogos,possui uma escrita económica, moderna e não foge às raízes africanas.
Enviar um comentário