Daqui e dali, isto é, de todas as zonas revolucionárias na história salta o ódio feroz das classes inferiores contra as superiores, porque estas tinham reservado em coutadas a caça. Isto dá-nos a medida do apetite enorme que eles, os de baixo, sentiam por caçar.
Uma das causas da Revolução Francesa foi a irritação dos camponeses porque não se lhes permitia caçar, e por isso um dos primeiros privilégios que os nobres se viram obrigados a abandonar foi este.
Em todas as revoluções, a primeira coisa que fez sempre "o povo" foi saltar as cercas das coutadas e demoli-las, e em nome da justiça social perseguir a lebre e a perdiz.
José Ortega y Gasset, Sobre a Caça e os Touros, Ed. Cotovia 2009
Uma das causas da Revolução Francesa foi a irritação dos camponeses porque não se lhes permitia caçar, e por isso um dos primeiros privilégios que os nobres se viram obrigados a abandonar foi este.
Em todas as revoluções, a primeira coisa que fez sempre "o povo" foi saltar as cercas das coutadas e demoli-las, e em nome da justiça social perseguir a lebre e a perdiz.
José Ortega y Gasset, Sobre a Caça e os Touros, Ed. Cotovia 2009
4 comentários:
E porque será?
Ainda não li o livro do Ortega. Espero - com muita curiosidade - que ele especifique o "porquê" dessa postura, uma postura recorrente ao longo de séculos.
Abraço.
Nós, os Portugueses, somos disso um exemplo brando, como, alías, em tudo.
Tomámos as coutadas e saltámos as cercas.
Depois, apercebemo-nos que não as conseguíamos manter...e deixámos os poderosos construíssem muros e vedassem, de novo, as coutadas.
É bem visível, de resto, o estado da justiça social no nosso País.
Nem é preciso chegar a tanto, basta comparar a actuação da justiça perante as classes superiores e as classes inferiores!
Quanto serão os honorários daqueles advogados influentes que aparecem, por dá cá aquela palha, na televisão; ou quanto levarão pelos seus serviços os advogados de Pinto da Costa.
Na sequência dos comentários a este oportuníssimo post,fiquei para aqui a pensar na atitude daqueles que, mesmo depois das "coutadas demolidas", se recusam a dar "o salto".
Lembrou-me «As Aventuras de João Sem Medo», e a condição dos "Chora-que-logo-bebenses"...
Teresa Santos, leia o livro, vai encontrar reflexões interessantes. marteodora, a história repete-se em ciclos mais ou menos parecidos. Infelizmente - é aquela coisa de "mudam as moscas...:):)- Austeriana, fantástico o seu "chora-que-logo-bebenses", onde cabe a inveja, o arrivismo e o típico (entre nós e não só) "videirismo".Andam por aí...
Enviar um comentário