O nó que tenho na garganta não me devia impedir de escrever. Só de falar ou, talvez, de ver, por entre a água que me enche os olhos. Mas não sei o que escrever, nem como escrever. Tenho tentado não pensar neste dia. Ainda me parece tudo tão inverosímil. Ainda a sinto muito dentro de mim. Vocês não sabem mas ela está comigo, não partiu! Amo-a como nunca amei ninguém, como poderia deixá-la partir? ainda não era a hora! Ela continua dentro de nós e vai continuar, como não podia deixar de ser. A nossa querida Nela, o nosso apoio, a nossa amiga, a luz que nos ilumina quando estamos pior, a alegria que nos dá, a bondade, a disponibilidade, a camaradagem, a amizade, enfim, tudo o que todos que a conhecem bem sabem. Não vamos esquecer nunca, pois não? então ela está connosco.
Não teria reconhecido directamente a Nela se não soubesse ao que vinha, pois há décadas que a não via. Quero, porém, dar testemunho do «Bairro do Liceu» nos anos 60 quando eu, miúdo, brincava com o seu irmão mais novo, «Vari», que aqui não posso deixar de evocar também. Para mim, a Nela, a minha irmã, a Clara e outros estavam, a um tempo, distantes pela idade e próximos por uma certa integração que efectivamente existia, e que beneficiava em grande medida da amizade e respeito existentes entre os nossos pais. Sempre bem tratados pelos mais velhos, vivíamos bem, embora aqueles anos fossem opacos e de chumbo sob outros pontos de vista. Concordo com o comentário anterior: ninguém morre porque desaparece fisicamente. Prefiro pensar que há, antes, um alargamento do espaço existencial de quem conhecemos. O núcleo da sua existência é sempre «extra-territorial», já que permanece para sempre na memória, e permanece sem caducar! Ali onde está quem amámos não está a morte. Para essas pessoas é sua toda a eternidade. Um abraço. Silvério
Sim, Silvério, eras ainda um menino ao pé de nós. Vivíamos rodeados por boas pessoas, muito acima do vulgar-tivemos muita sorte, aquele bairro é irrepetível. Talvez por tudo isso estamos tâo ligados, que costumamos ver-nos todos os anos.Recordo com muito carinho o teu pai, um grande senhor que teria hoje muito orgulho em ti. Obrigada por teres colaborado nesta saudade.Um beijinho, Clara
Guida, obrigada por teres participado, eu sei que não é fácil, mas aqueles que amámos, nunca morrem, se forem lembrados. É preciso coragem e aceitar este grande enigma que é a vida. Um grande beijinho, clara
4 comentários:
O nó que tenho na garganta não me devia impedir de escrever. Só de falar ou, talvez, de ver, por entre a água que me enche os olhos. Mas não sei o que escrever, nem como escrever.
Tenho tentado não pensar neste dia.
Ainda me parece tudo tão inverosímil.
Ainda a sinto muito dentro de mim.
Vocês não sabem mas ela está comigo, não partiu!
Amo-a como nunca amei ninguém, como poderia deixá-la partir?
ainda não era a hora!
Ela continua dentro de nós e vai continuar, como não podia deixar de ser.
A nossa querida Nela, o nosso apoio, a nossa amiga, a luz que nos ilumina quando estamos pior, a alegria que nos dá, a bondade, a disponibilidade, a camaradagem, a amizade, enfim, tudo o que todos que a conhecem bem sabem. Não vamos esquecer nunca, pois não?
então ela está connosco.
Um grande beijo
Guida
Não teria reconhecido directamente a Nela se não soubesse ao que vinha, pois há décadas que a não via. Quero, porém, dar testemunho do «Bairro do Liceu» nos anos 60 quando eu, miúdo, brincava com o seu irmão mais novo, «Vari», que aqui não posso deixar de evocar também. Para mim, a Nela, a minha irmã, a Clara e outros estavam, a um tempo, distantes pela idade e próximos por uma certa integração que efectivamente existia, e que beneficiava em grande medida da amizade e respeito existentes entre os nossos pais. Sempre bem tratados pelos mais velhos, vivíamos bem, embora aqueles anos fossem opacos e de chumbo sob outros pontos de vista.
Concordo com o comentário anterior: ninguém morre porque desaparece fisicamente. Prefiro pensar que há, antes, um alargamento do espaço existencial de quem conhecemos. O núcleo da sua existência é sempre «extra-territorial», já que permanece para sempre na memória, e permanece sem caducar! Ali onde está quem amámos não está a morte. Para essas pessoas é sua toda a eternidade.
Um abraço.
Silvério
Sim, Silvério, eras ainda um menino ao pé de nós.
Vivíamos rodeados por boas pessoas, muito acima do vulgar-tivemos muita sorte, aquele bairro é irrepetível.
Talvez por tudo isso estamos tâo ligados, que costumamos ver-nos todos os anos.Recordo com muito carinho o teu pai, um grande senhor que teria hoje muito orgulho em ti.
Obrigada por teres colaborado nesta saudade.Um beijinho, Clara
Guida, obrigada por teres participado, eu sei que não é fácil, mas aqueles que amámos, nunca morrem, se forem lembrados.
É preciso coragem e aceitar este grande enigma que é a vida.
Um grande beijinho, clara
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