A tendência para o sincronismo é uma das constantes mais enigmáticas da natureza.
Trata-se de um objecto de estudo filosófico, matemático e das neurociências, desde finais do século XIX, com um interesse e aprofundamento muito significativos neste milénio.
Sempre se partiu do princípio de que todos os sistemas da natureza (ou de actividade humana) necessitavam de ordem e que essa ordem viria de um comando que lhes era interior. Hoje sabe-se (e investiga-se) que a existência de sincronismo é universal e que, em liberdade plena de organização, há uma evolução natural para uma qualquer forma de organização "espontaneamente ordeira" - algo resultante da acção e movimento dos homens, sem design prévio.
Trata-se de um objecto de estudo filosófico, matemático e das neurociências, desde finais do século XIX, com um interesse e aprofundamento muito significativos neste milénio.
Sempre se partiu do princípio de que todos os sistemas da natureza (ou de actividade humana) necessitavam de ordem e que essa ordem viria de um comando que lhes era interior. Hoje sabe-se (e investiga-se) que a existência de sincronismo é universal e que, em liberdade plena de organização, há uma evolução natural para uma qualquer forma de organização "espontaneamente ordeira" - algo resultante da acção e movimento dos homens, sem design prévio.
A investigação e a chamada Science of Spontaneous Order envolvem áreas do conhecimento tão diversas como a Biologia, a Economia, a Medicina ou a Política e estudam questões tão distantes entre si como o sincronismo dos batimentos cardíacos, o voo ordenado dos pássaros, o facto de as mulheres, vivendo juntas por muito tempo, passarem a menstruar em momentos coincidentes, ou a evolução da economia de mercado.
Curiosamente, a necessidade de os sistemas serem deixados livres de se organizarem, como condição essencial ao aparecimento da ordem, é, em termos políticos, colocada no final do séc. XIX por Proudhon na defesa do anarquismo ( "a liberdade é mãe da ordem e não sua filha", disse).
O tema é de indiscutível interesse e este não diminui mesmo se considerarmos a utilização perversa da sua aplicação nas teorias económicas neo liberais que levaram ao colapso recente do sistema financeiro assente na auto regulação do mercado, deixado em plena liberdade.
O video que se mostra procura mostrar a existência de autoregulação espontânea em inúmeros acontecimentos do quotidiano no planeta e na vida.
O video que se mostra procura mostrar a existência de autoregulação espontânea em inúmeros acontecimentos do quotidiano no planeta e na vida.
7 comentários:
Muitíssimo interessante, nunca tinha pensado nisso,um post marcante.
a utilização perversa da sua aplicação nas teorias económicas neo liberais
Talvez porque os homens não têm já o sentido de destino colectivo que existia nas tribos primitivas.
manuela
Esta questão é interessantíssima. O Georges Perec tem um livro absolutamente fantástico - "La Vie, mode d'employe" (estou a citar o título de memória e o meu francês está um bocado esquecido)que aborda esta nossa procura de ordem nas coisas.O protagonista é Percival Bartlebooth. O projecto bizarro deste excêntrico milionário sem vocação especial para as artes plásticas é dedicar-se à pintura de aguarelas, inspirando-se em quinhentos portos visitados durante vinte anos; depois, envia-as a um especialista e este transforma-as em puzzles;de seguida, arruma-as, em caixas com ordenação cronológica. Depois, as aguarelas são reconstruídas através de um processo químico que torna invisíveis as linhas de junção dos puzzles; isto feito, reenviam-se para o lugar onde cada uma foi produzida vinte anos antes; e, finalmente, os artefactos são imersos numa solução detergente que elimina todos os traços da pintura, deixando a tela em branco. Entretanto, as expectativas de Bartlebooth goram-se. Os puzzles, elaborados de forma demasiado complicada, não permitem que a personagem os termine porque Bartlebooth morre. Resumindo: é uma parábola sobre os esforços vãos do humano para impor uma ordem arbitrária ao mundo, mas as personagens vão encontrando sempre, na respectiva condição, a inevitabilidade de falhar.
P.S. Peço desculpa por o comentário ser tão longo :(((
É verdade, mesmo. Já vivi essa experiência de menstruar em momentos coincidentes com outras mulheres. Quando estaba na faculdade e partilhava casa com umas açorianas fantásticas!
Clara, isto é uma espécie de "filosofia para todos", coisas interessantes de se pensar...
m (Manuela), bem vinda!
Pode ser essa uma explicação, porque a teoria da espontânea organização dos sistemas foi aproveitado pelos economistas ultra liberais no Chile pós Allende com o desgraçado resultado depois conhecido e, recentemente, voltaram à carga com a "desbunda" que conduziu ao crash financeiro, evitado in extremis pela interveção da regulação central...é, por isto, uma falha da teoria de que a liberdade plena das organizações leva à ordem.
Austeriana, é formidável o seu comentário. Deve ser um livro muito interessante (não conhecia) e o tema, como se vê, suscita debates muito bonitos. Pessoalmente, tenho algumas reservas em relação a teorias "totais", que explicam não importa o quê, segundo uma espécie de catecismo, mas confesso que esta tem um fascínio muito particular.
marteodora, o seu testemunho pessoal é notável e eu agradeço do coração.
Bem hajam.
Volto para declarar que, como este blogue é instigante, há um prémio no B-c para o Marcas. O "normativo" a cumprir será opção de cada blogger.
Abraço.
na natureza também há catástrofes e nem sempre o equilíbrio é restaurado, as leis humanas não podem aí intervir mas podem fazê-lo e devem na política e na economia senão a economia de mercado, o capitalismo, acaba com certos direitos essenciais das pessoas. penso eu de que.
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