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As cidades possuem
um rosto que dominámos
....
Não há chaminé ou harpa a que o vento recorra
nem se regenera o canto
erguendo ainda uma vez
a agitação pousada no fundo
do sono das sereias
Sebastião Alba, in Albas,1974
* Tom Waits Take Me Home
Pintura: Michael Maier Sweet Sadness
7 comentários:
Muito bela, a imagem e boa conjugação com o texto e música.
Concordo com a Clara. Excelente ligação. Obrigada por me lembrar o Tom Waits! Adorei tudo. (Eu devia era estar a trabalhar...).
“As cidades possuem
um rosto que dominámos”
… e foi ele que nos fez apaixonar por elas
e é por ele que nos sentimos tentados a voltar.
Concordo com o Pas[ç]sos: os lugares são belos se neles tivermos amado alguém.
Mas às vezes as cidades devoram-nos; são tentaculares, abafam.
Ó ´mores, só gosto de cidades pequenas, é cá uma mania, as cidades grandes assustam-me e, se chegar a Paris, por exemplo, faço logo a minha aldeia.Passados dois dias, já conheço o dono do café, a cabeleireira, o merceeiro e nem saio mais de lá.
Do que gosto mesmo é da vidinha, que se há-de fazer?
Excelente imagem.... perfeita moldura musical! Adorei relembrar Tom Waits...
"C" serão as cidades que nos devoram, ou as vivencias com que as povoamos?
AC
As vivências, não, AC. Só se forem doentias :-)
São mesmo as cidades: o frenesi, o entra e sai do metro aos encontrões, os carros que não param nas passadeiras, os néons em frente às janelas dos quartos - clic, cloc - toda a noite. O barulho de fundo dos exaustores dos hotéis, os aviões a rasar as avenidas, etc, etc, etc,
Mas depois há os mil recantos que se descobrem, pequenos, antigos, com casas de gente à porta a sorrir, a par de esplanadas belíssimas. E o rio. E o mar ao longe.
E uma árvore cheia de pássaros quando se chega à varanda. Também há disto nas cidades.
Abraço :-)
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