Do latim vem o teu vocábulo
e fecundas a terra
e o ventre
Do grego endaimonias
e tens o poder divino
do espírito
e do santo
Ris com humor
e deixas fluir
quando deves chorar
Tornas-te happy
e és filha de Hórus
Pier, piest
joyful
having pleasure
tens boas horas
e ficas cheia de
bonheur
Feliz
Contente
Mas com os olhos molhados
desces a colina
e ficas para sempre
Saudade
(pintura René Margritte)
9 comentários:
Adorei! Esta felicidade multilinguística :)
Afinal a questão da saudade é uma questão do relevo do terreno. Se não houvesse colinas para descer...
Tive uma colega de faculdade que se chamava Maria da Felicidade e era alentejana. Passava a vida cheia de saudades de casa. Chorava que se fartava.
:) :)
Andei à procura dos étimos, mas não consegui o étimo de "happy".
Sabes?
Acho muita graça andar a comparar étimos e sentidos.
A felicidade é chorar de tanto rir e é rir do que te faz chorar.
O entendimento de Roland Barthes sobre o sentido gregário da língua materna é o de que ela "est tout simplement: fasciste"...
Associados à criação de Magritte e aos comentários de C. e da Clara, estes versos lembraram-me Louis Wolfson e a necessidade de experimentar fronteiras do dizer, para além da língua materna, que permitam encontrar a própria voz.
Deveria ser divertido, mas era preciso libertarmo-nos do tal peso "fascista" da língua-(da) mãe...
(Do pouco que conheço, é fascinante o que Wolfson escreveu da sua vivência difícil de esquizo com a língua materna [e a mãe!])
Deleuze, Lacan, Foucault fazem leituras (estudos) interessantíssimos sobre essa impossibilidade de formular verdadeiramente uma língua que possa fixar as significações.
E sobre o "corpo que escuta" ou se recusa a ouvir a língua (como tb a mãe que a corporiza).
Acredite que às vezes é-me mesmo insuportável ouvir tanto “ruído”... ainda que em língua materna. Ou por isso mesmo. Será um caso de esquizo?:)))
Apaixonante, Austeriana.
Fiquei com vontade de reler coisas antigas. Obrigada.
Nunca pensei que a minha modesta versalhada pudesse suscitar reflexões doutas e avisadas como as vossas.
Olhem, é um bom exercício, vou continuar.
Obrigada pelo contributo.
C.,
Do que escreveu, só posso concluir que não se trata de "schizo" mas de lucidez! :-))
A verdadeira substância de "Le schizo et les langues" encontra-se no relato da situação humana em permanente exílio formal...
Clara,
Os versos são lindíssimos; eu gosto de quase tudo de Magritte...e ligação foi muito bem conseguida!
Clara, a tua "versalhada", como lhe chamas, é sempre um mimo.
E a Austeriana é que tem razão: há que procurar a "voz própria", nina. Bamulá. Óbiste?
Jinho
Está a ver, Austeriana: a língua materna é mesmo fascista. Tinha "schizo" e achei-a "estrangeira"...
O que vale é que são ambas uma "impostura":)
:-)
:-)
:-)
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