Todos os seres humanos têm – os esquizofrénicos e bipolares em maior grau – um traço biológico cognitivo da personalidade que é a desinibição.
Quanto maior for a desinibição, maior criatividade existe e, portanto, mais facilidade de criação artística e musical. As artes plásticas e a música geram, como a boa comida, o sexo e as drogas, sentimentos de bem-estar. Ouvir boa música e compô-la fazem também parte do sistema "motivador e de recompensa" que garante a sobrevivência dos seres pela busca de bem-estar.
A composição musical talvez seja um fenómeno mais misterioso para a maioria das pessoas do que cozinhar uma receita especial, mas isso não é razão para as separar (alegando uma suposta espiritualidade da música) de todos os circuitos neurológicos que conhecemos.
As investigações mais recentes revelaram que a música, actuando sobre o sistema nervoso central, aumenta o nível de endorfinas, os opiáceos próprios do cérebro, assim como de outros neurotransmissores, como a dopamina, a acetilcolina e a oxitocina. É sabido que as endorfinas dão motivação e energia face à vida, que produzem optimismo e alegria, que diminuem a dor, que contribuem para a sensação de bem-estar e que estimulam os sentimentos de gratificação e satisfação existencial.
No Centro de Estudos da Adição, em Stanford, o farmacologista Avram Goldstein comprovou que metade das pessoas estudadas sentiam euforia ao ouvir música. As substâncias químicas reparadoras geradas pela alegria e a riqueza emocional da música levam o organismo a produzir os seus próprios anestésicos e a melhorar a actividade imunitária. Goldstein propôs a teoria de que a “emoção musical”, quer dizer, a euforia que resulta de ouvir uma determinada peça musical,é consequência da libertação de endorfinas pela hipófise, ou seja, fruto da actividade eléctrica que se propaga numa região do cérebro e que está ligada aos centros de controlo límbico e autónomo. (...) Outros estudos sugerem também que, de facto, a música convoca circuitos neuronais semelhantes aos que respondem especificamente aos estímulos (biologicamente) relacionados com a sobrevivência - como o sexo e a comida - e a outros que se sabem ser activados por drogas. A descoberta da possibilidade de activação destes sistemas pela música poderá representar, assim, uma capacidade emergente do sistema cognitivo humano. Eduardo Punset, in El Viaje A La Felicidad (tradução livre)
Foto de Leonard Bernstein, que ensinou tantas gerações o prazer da música.
Música: Mahler, Adagietto da 5ª Sinfonia, convocando todos os nossos circuitos neuronais para a produção das aminas necessárias à sobrevivência...
11 julho 2009
Prazeres da Vida
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
3 comentários:
... ouça-se muita música então , mas , então daquela que se gosta ou se vai descobrindo !
Assim me vou entendendo ...:)
Grato pela partilha !
_______ JRMARTO
Então é por isso que os jovens ouvem tanta música.
Mas a música que eles ouvem, na maioria, é repetitiva e muito marcada pela bateria, nomeadamente, nas,r.p., onde obtêm o mesmo efeito que os africanos, de anestesia.
Deve ser diferente do que, simplesmente
, ouvir música.
Vi, há dias, uma entrevista de Oliver Sacks no "Daily Show" de Jon Stewart.
Abusando do espaço, aqui deixo o link sobre o estudo de Sacks, "Musical Minds":
http://www.pbs.org/wgbh/nova/musicminds/
Grata pelos excelentes posts que aqui tenho encontrado.
LM
Enviar um comentário