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Daí que haja uma perda verdadeiramente irreparável, uma diminuição dos possíveis humanos, quando uma língua morre. Com a sua morte, não é só uma memória de gerações única e vital - os tempos do passado ou os seus equivalentes -, não é só uma paisagem, realista ou mítica, ou um calendário que se apaga, mas também as suas configurações de um futuro concebível. (...)
A extinção das línguas que hoje testemunhamos - todos os anos dúzias delas se calam sem remédio - é precisamente homóloga da devastação da fauna e da flora, mas em termos ainda mais definitivos. (...) O resultado é um empobrecimento drástico na ecologia do psiquismo humano. A verdadeira catástrofe de Babel não é a divisão das línguas: é a redução do discurso humano a meia dúzia de línguas "multinacionais" planetárias.
George Steiner, in Os livros que não escrevi, Gradiva 2008
3 comentários:
Reflexão interessante de Steiner... Fiquei com vontade de o ler!
abraço
___________ JRMARTo
...a redução da linguagem humana aos "updates", "java scripts", html codes", "feeds" and so on. Não é o inglês a língua franca?:(((
as minorias que se cuidem. se forem capazes.
Muito bom! Tanto para dizer! Gosto tanto tudo íssimo de G. Steiner!
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