30 maio 2009

Pastoreios

De Repente

e de repente
houve uma surpresa ao olhar a casa
a cal de linho o gesto brando
o passeio do pincel
uma aguarela milimétrica
gutural por dentro
inteira a voz devastando
apurando-se na surpresa
o espectro

depois a boca de palavras ásperas
remos do mundo pássaros caídos
fundos

estavas rente à solidão dos jogos

plainos altos de chamas

fogo perpétuo a qualquer esquina
não sobrava sol
não se ouvia um cão rasgando
a indivisível unidade do mundo
ou uma criança pedindo água
cansada de ouvir o silêncio
fonte escura


(José Marto)
Música: Anouar Brahem (Le pas du chat noir)

José Ribeiro Marto (http://vaandando.blogspot.com/)
lança o seu livro de Poesia"Pastoreio"sexta feira 20 de Junho às 19,30h
Palácio Galveias, Lisboa.

1 comentário:

clara disse...

O poema ouve-se, cheira-se e, sobretudo, vê-se.
Parabéns!