De Repente
e de repente
houve uma surpresa ao olhar a casa
a cal de linho o gesto brando
o passeio do pincel
uma aguarela milimétrica
gutural por dentro
inteira a voz devastando
apurando-se na surpresa
o espectro
depois a boca de palavras ásperas
remos do mundo pássaros caídos
fundos
estavas rente à solidão dos jogos
plainos altos de chamas
fogo perpétuo a qualquer esquina
não sobrava sol
não se ouvia um cão rasgando
a indivisível unidade do mundo
ou uma criança pedindo água
cansada de ouvir o silêncio
fonte escura
(José Marto)
Música: Anouar Brahem (Le pas du chat noir)
José Ribeiro Marto (http://vaandando.blogspot.com/)
lança o seu livro de Poesia"Pastoreio"sexta feira 20 de Junho às 19,30h
Palácio Galveias, Lisboa.
1 comentário:
O poema ouve-se, cheira-se e, sobretudo, vê-se.
Parabéns!
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