A observação atenta do caso da "possível pandemia"de gripe e todo o envolvimento em torno dos vários interesses a ela ligados, levaram à re-leitura de um interessante livro do historiador David S. Landes. Aqui se deixa um pequeno trecho sobre os interesses que, muitas vezes, presidem ao desenvolvimento dos tratamentos de algumas doenças, essas sim, endémicas
"... Por enquanto a prevenção é cara e o tratamento acarreta, com frequência, um regime prolongado de medicação que as instituições locais não podem garantir e que os pacientes têm dificuldade em seguir. Em 1990, a maioria das pessoas com doenças tropicais vivia em países com um rendimento médio inferior a 400 dólares. Os seus governos gastavam com a saúde menos de 4 dólares por pessoa. Não é de surpreender, portanto, que as companhias farmacêuticas, que afirmam custar cerca de 100 milhões de dólares desenvolver um remédio ou vacina e proceder à sua comercialização, se mostrem relutantes em servir este tipo de clientela. Mesmo em países ricos, o custo da medicaçãopode exceder os recursos dos pacientes e a tolerância do seguro de saúde. As mais recentes terapias para SIDA, por exemplo, custam entre 10.000 a 15.000 dólares por ano durante a vida inteira- uma fortuna impensável para as vítimas do terceiro mundo..."
David S. Landes in A Riqueza e a Pobreza das Nações (Gradiva 2005)
2 comentários:
O que a Europa fez de Àfrica está a voltar-se contra ela própria.
Todo o livro é uma muito boa reflexão.Gostei de o ler. Mesmo que "obrigada".
Enviar um comentário