341 Porque não há-de surpreender-te, como se pela primeira vez, o sol que te entra pela janela? Dói-te à mesma uma dor que te doeu, como se te não tivesse ainda doído, se voltar a doer. E que é que te há de encantamento no banal de uma janela iluminada? Não o sabes, porque não é do que se pode saber. Há a transfiguração do esplendor, a energia da própria luz, a levitação do que ela ilumina, a transmutação da matéria para o mistério do seu interior, a plausibilidade da sua transcendência. O fulgor de nós próprios na sua contemplação, a nossa divinização. A luz. De que mais precisas para ser verdade que existes? ou que aguentas o insuportável? O próprio moribundo deve sorrir quando a vê. Ou chorar, porque é de mais...
2 comentários:
O nosso Vergílio é que sabia.
No essencial, a vida se resume em luz e sombra.
Há textos, em que o silêncio sentido em que me retiro é o único comentário que me é possível! E, por aqui, tem-me acontecido algumas vezes!
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