06 julho 2009

Cantar e fintar a morte

Já tinha ouvido alguns testemunhos acerca do poder terapêutico da música. Pelo que consta, este é mais um. Ou de como se fintou a morte com coragem e ... melodia.

Aos 19 anos, o grave acidente que podia ter-lhe tirado a vida motivou o início da sua carreira artística. Melody Gardot foi atropelada por um automóvel quando regressava, de bicicleta, a casa. Resultado: múltiplas-fraturas na região pélvica, cervical e na cabeça. Para recuperar algumas das aptidões cognitivas, o médico recomendou que fizesse uso da música como terapia. Mesmo incapacitada, presa a uma cama, ela compôs e gravou as canções do EP intitulado Some Lessons: The Bedroom Sessions, chamando a atenção da rádio local.
Hoje, aos 24 anos, M.G. continua lutando contra as sequelas do acidente que a obrigam a usar constantemente óculos escuros, devido à hipersensibilidade à luz, tampões nos ouvidos, bengala para se apoiar e um dispositivo preso à cintura que estimula a produção de endorfina no organismo, tornando as dores mais suportáveis.
O uso de elementos do Jazz, Blues e Folk nas suas composições, bem como a suavidade da voz, fazem-nos lembrar Norah Jones. Mas as semelhanças entre estes dois talentos ficam por aqui. Quem já a ouviu, diz que Melody tem uma rara capacidade de congregar humor e emoção no que faz.
Para ser honesta, ficar no palco durante 30, 40, 50 minutos é uma das experiências mais agradáveis que tenho. Porque é durante este tempo que eu realmente não sinto qualquer dor. Acho que é transcendental - diz ela.

No próximo dia 27 de Julho, Melody Gardot actuará, em estreia, na primeira edição do Oeiras Sound, comemorando os 250 anos deste concelho. Nos maravilhosos jardins do Palácio Marquês de Pombal.

Discografia:
Some Lessons: The Bedroom Sessions (2005)
Worrisome Heart (2008)
My One and Only Thrill (2009)

3 comentários:

clara disse...

Um belo testemunho de grande coragem.
Ao pé destes exemplos, não somos nada.

Marta disse...

Tão bom saber mais, quando saber mais nos toca, assim!

beijinhos

PAS[Ç]SOS disse...

Como a blogosfera, por vezes, se transforma num auditório de aprazíveis aulas magnas.