04 julho 2009

Paixão


Vens do grego em sofrimento
e dominas sem pesar
o nosso instante sereno

Fundamentas os silêncios
serotoninas o ser
em transtornos possessivos

Desarrumas a vontade
idealizas cenários
paralizas toda a gente

Pathos pathos somos nós
contribuintes proteicos
da tua verliebtheit

Projectas passividade
narcisas comportamentos
idealizas o ego

E quando no fim nos deixas
extenuados desfeitos
vais bater a outra alma

Abandonados neuróticos
descobrimos finalmente
que te chamavas
Paixão

2 comentários:

Paulo disse...

Fantástico (apaixonante!).

C. disse...

E disseste tudo! :-)
Está lá tudo! :-)

As paixões (de qualquer tipo)dão uma força incrível e fazem-nos crer invencíveis e imortais. Fazem avançar o mundo. Depois... porque não são eternas, e porque inteligentemente aprendemos isso, são elas que acabam por nos ensinar a razão.
Ensinam-nos que a vida é um jogo -fascinante, sim; mas não um sonho. Ensinam-nos a lucidez.

Parabéns pelo poema, Clara.