05 novembro 2009

Rasoiras, rebarbadoras e tiros no pé



O que é preciso é pô-los, a todos, na Universidade!

Em 1997- 98 havia 105941 alunos em formação profissional e em 2007-08  92038, ou seja, contrariamente ao discurso, não houve acréscimo mas diminuição (questão do galopante sufoco das escolas profissionais, substituídas pelos cursos de lápis e papel das escolas públicas); 146.000 licenciados (números da OCDE e Banco Mundial), pagos por nós, emigraram e foram enriquecer outros países, que estamos a financiar; 100 licenciados por mês deixam o país e vão procurar trabalho lá fora; 44700 licenciados trabalham em restaurantes, supermercados ou "call centers", etc, etc. ).

(excerto da comunicação de Santana Castilho no debate promovido ontem pelo Grupo Parlamentar do PSD na Assembleia da República.)

Foto: tentativa improvisada de um grupo de alunos para protecção contra a gripe A H1N1. (net)

3 comentários:

clara disse...

Há vinte anos, fiz um estágio num liceu de Lille, um liceu profissional, em que os alunos viviam e aprendiam uma profissão. Estudavam matemática, língua materna e uma outra língua estrangeira. Depois, cada um trabalhava em oficinas especializadas, construíam coisas que eram depois vendidas. Verdadeiras fábricas. Tudo isto com o apoio das empresas da região.
Muita disciplina e exigência, contrastando com os nossos alunos, na qualidade de visitantes.
No entanto, quando saíam à noite, os alunos franceses embebedavam-se quase todos, enquanto os nossos se portavam bastante bem.
Isto aconteceu, eu vi. O diabo que escolha.

C. disse...

Pois é, Clara: esses alunos comportavam-se, no país estrangeiro, exactamente com o espírito do trabalhador emigrante - faziam tudo e bem, ainda que lhes custasse (e o que custou a tantos deles!!!). Mas é vê-los cá, no seu próprio país...; e é ver como se comportam muitos alunos nestas escolas - que são concebidas para eles, com tudo a ser pensado em função deles. Põem pedaços de palitos nas fechaduras para não se abrir as portas das salas; a outras, abrem-nas de arremesso, ao encontrão; sujam o espaço comum como nunca fariam em casa; aparecem embriagados nas aulas; ameaçam e proferem todo o tipo de asneiredo a quem quer que seja que os contrarie; fazem tudo isto e escarnecem da autoridade. E não dou mais exemplos porque a escrita ficaria sempre a dever à realidade.
Contudo,se perguntares por aí de quem é a responsabilidade, ouvirás dizer que, obviamente, é da escola (vulgo dos professores).

Nunca estive em Lille a estagiar, mas sei do que falo quando afirmo tudo isto.
E também sei, como tu, que muitas destas criaturas chegarão a ministros. Que hão-de ter passado, bem ou mal, por uma universidade qualquer

Beijinho

PAS[Ç]SOS disse...

Os números creio serem a obsessão actual dos governantes. Não interessa assegurar a qualidade. O importante é que tenhamos dento em pouco milhares de licenciados, outros tantos de mestrados e mais outros tantos de doutorados. O que eles sabem, o que o país beneficiará com isso, de que forma eles poderão provar as capacidades de Portugal perante os 'congéneres' europeus... será assunto de menor relevância.

Não posso imaginar o que poderão sentir todos os que no 'antes' tiveram de queimar tempo, saúde, energia e vida para concluírem formações superiores que outros agora recebem quase como oferta.

O importante é que tenhamos números, mesmo que se caia no ridículo de termos um Mestre em cozinha a ter de escrever uma tese sobre determinado prato culinário.

Atenção!!! Todos deverão ser reconhecidos pelas suas aptidões, quando as demonstrem, independentemente da área ou da posição hierárquica que assumam.

Mas... não misturemos demasiado os condimentos.