No início dos anos 80 do século XX começou a haver relatos duma doença nova que progredia de forma imparável na comunidade homossexual, designadamente em S. Francisco, nos Estados Unidos.A doença provocava uma acentuada diminuição das defesas imunitárias dos indivíduos afectados que, em consequência da baixa de imunidade, sofriam de infecções oportunistas que os levavam inexoravelmente à morte.
As características que apresentavam os doentes, com conjuntos de sintomas semelhantes, levaram a considerá-la um Síndrome. A constatação de que existia uma acentuada baixa de imunidade, fez com que se acrescentasse a característica de Imunodeficiência. O facto de surgir em indivíduos previamente saudáveis, permitiu dizê-la Adquirida.
Hoje, a história é conhecida: sabe-se a causa, uma infecção provocada por um vírus, VIH (Vírus da Imunodeficiência Humana) e conhecem-se as formas de aquisição desta doença: via sexual, intravenosa ou mãe - filho.
O que sempre chamou a atenção aos investigadores foi o facto de haver pessoas com o vírus em circulação durante mais de 20 anos, desde os primeiros relatos da doença, e que viviam normalmente, sem necessitarem de qualquer tipo de medicamento.
A razão foi, entretanto, descoberta. Chama-se CCR-5.
O vírus adere às paredes das células e, para entrar (e provocar infecção), necessita de um “veículo” que o leve. Esse é o papel do CCR-5 (ChemoChineReceptor-5).
Há, em certos grupos populacionais que tiveram origem em zonas da Europa Central, uma deficiência genética em que os portadores têm um CCR-5 “deficiente”, chamado Delta 32 (CCR5-Δ32 ). A sua deficiência torna-o incapaz de viajar para dentro das células, transportando com ele os vírus.
Constatou-se que os indivíduos imunes ao SIDA, apesar de portadores de VIH, tinham este “defeito” genético… Ou seja, os vírus circulantes não penetravam as células e eles não tinham infecção.
A investigação da origem do defeito genético foi dar aos sobreviventes de Eyam, a pequena aldeia dizimada pela Peste no século XV.
Concluiu, através de estudos de ADN dos seus descendentes, que, também eles, os imunes à infecção mortal por Yersinia pestis, tinham a alteração genética do CCR-5 e eram portadores do CCR5-Δ32 o que os tinha permitido sobreviver.
Aliás, constataram também que a sobrevivência a epidemias de varíola em populações sem condições sanitárias mínimas, em períodos anteriores à descoberta da vacina, seria igualmente devida à presença deste gene.
Aliás, constataram também que a sobrevivência a epidemias de varíola em populações sem condições sanitárias mínimas, em períodos anteriores à descoberta da vacina, seria igualmente devida à presença deste gene.
Ressalta nestes acontecimentos a importância fundamental da genética como caminho para a compreensão da sensibilidade e da resistência dos humanos à doença e à morte.
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