02 abril 2009

Fatal

Os moços tão bonitos me doem,
impertinentes como limões novos.
Eu pareço uma actriz em decadência,
mas, como sei disso, o que sou
é uma mulher com um radar poderoso.
Por isso, quando eles me vêem
como se me dissessem: acomoda-te no teu galho,
eu penso: bonitos como potros.Não me servem.
Vou esperar que ganhem indecisão. E espero.
Quando cuidam que não,
estão todos no meu bolso.

Adélia Prado, Poesia Reunida

2 comentários:

JOSÉ RIBEIRO MARTO disse...

... é poeta zangada esta Adélia Prado não acham ?
_________ JRMARTO

Anónimo disse...

Zangada...? Não parece. Pois se lhe caem todos no bolso! Poderosa, isso sim. E os moços são de facto, muitas vezes, limõezinhos a dar ares de melancias. Ainda sem pevides, claro.
Abraço, com risada dentro.
C.