02 abril 2009

Amor feinho

Eu quero amor feinho.
Amor feinho não olha um pro outro.
Uma vez encontrado é igual a fé,
não teologa mais.
Duro de forte o amor feinho é magro, doido por sexo
e filhos tem os quantos haja.
Tudo que não fala, faz.
Planta beijo de três cores ao redor da casa
e saudade roxa e branca,
da comum e da dobrada.
Amor feinho é bom porque não fica velho.
Cuida do essencial; o que brilha nos olhos é o que é:
eu sou homem você é mulher.
Amor feinho não tem ilusão,
o que ele tem é esperança:
eu quero amor feinho.
Adélia Prado in Poesia Reunida

2 comentários:

clara disse...

Lindo o poema e o postal.
Podias escrever um poema:amor a preto e branco.
É que as imagens, os filmes a preto e branco são muito mais expressivos, acho eu.
E a sépia, então...
Adélia Prado é desconcertante, verdadeira, tem cheiro...

JOSÉ RIBEIRO MARTO disse...

ela outra vez a dar cabo das convenções, das literárias e das outras ...
um mimo , esta Adélia Prado, um mimo !
________ JRMARTO