28 abril 2009

do amor

" ...ela era tão extraordinariamente bela que eu quase me ri às gargalhadas. Ela ... (era) fogo, destruição ... indiscutivelmente magnífica. Em suma, ela era mesmo demais. Aqueles olhos azul violeta ... tinham um fulgor raro. Passou uma eternidade, civilizações apareceram e desapareceram enquanto aqueles faróis cósmicos examinaram a minha personalidade imperfeita. Cada marca de bexigas da minha cara transformou-se numa cratera da Lua".
Assim pensou Richard Burton quando viu pela primeira vez Elizabeth Taylor, tinha ela 19 anos.
Porque é que um homem entra num salão cheio de mulheres atraentes, fala com várias que acha encantadoras e de repente fica pelo beicinho por uma delas? Porque é que uma mulher com muitos pretendentes vê um homem durante breves momentos e o seu cérebro incendeia-se de paixão amorosa? Porque é que alguém incendeia esses circuitos cerebrais primitivos, enquanto outro ser humano perfeitamente adorável nos deixa totalmente indiferentes? Porquê "ele"? Porquê "ela"?
Helen Fisher é uma das mais reputadas Antropólogas dos EUA. Trabalha de forma muito aprofundada sobre o que pode ser chamado de "expressão e química do amor".
O seu livro Porque Amamos (Relógio d'Água. 2008) constitui um trabalho "provocador, esclarecedor e estimulante" de acordo com alguns críticos.
Ele resulta de um estudo pioneiro feito ao longo de 6 anos, perscutando,com técnicas de imagem avançadas,os cérebros de pessoas apaixonadas, com correspondência e rejeição.
Os resultados trouxeram descobertas interessantes e desafiadoras sobre a atracção romântica, a paixão, a conquista de um parceiro específico e o sofrimento martirizante da rejeição.

9 comentários:

Marta disse...

Paulo: parabéns!
adorava ter sido eu a escrever este post!
Tanto. Tudo íssimo!
Nem imagina quanto!

desta vez, não é a marta que assina mas uma eterna candidata a antropóloga que sai daqui com um sorriso imenso!

nota de rodapé: bem que podia ter, também, posto antropologia na etiqueta :) :) :)...afinal, é o melhor curso do mundo! Não dá emprego "a ninguém", mas é o melhor curso do mundo!

obrigada!

clara disse...

Paulo:
Acho que a beleza é anti-democrática!
Felizmente, hoje há maior acesso a técnicas para superar defeitos.
Sobre as causas da sedução, se calhar tem a ver com tantas coisas que será difícil:
cheiros, hormonas,código genético,"vidas passadas", situação de poder,e...conta bancária!

Marta disse...

E no caso, Clara, coloque anti-democrático nisso! é quase irreal! Como eu entendo a reacção de Richard Burton :)

C. disse...

Seduzam e deixem-se seduzir, "ô gentgi", que mesmo que ela /ele ainda tenha ao canto do olho a remela com que dormiu, por certo um passarinho cantará ao vosso ouvido. O que intriga realmente é como é que depois de tanta sedução e encanto deixamos voar tudo num apito - e o belissimo sinal se transforma em verruga. É que para a sedução do encontro todas as teorias são válidas...

Paulo disse...

Marta, Clara, C. : Diz a Antropologa (H. Fisher por supuesto) que "os homens procuram objectos sexuais e as mulheres objectos de sucesso. As mulheres também são atraídas por homens altos, talvez porque os muito altos têm mais hipóteses de adquirir prestígio nos negócios e na política e proporcionam mais defesa pessoal..."
Qual sedução!... está tudo nos genes e predestinado:)
E é por isso que eu digo repetidamente à mulher que amo, " não sei o que viste em mim...":):):)

Marta disse...

Se é antropóloga e mulher [a dizer], eu acredito, Paulo :) tb gostei de ler o livro; mas o Paulo ganhou-me na postagem! :)

C. e... aquele «belíssimo sinal se transforma em verruga», também me deixou a pensar! ;)

Este blog é de uma lucidez estonteante!

Obrigada :)

C. disse...

Três pérolas na obra desta senhora:

1ª: a reabilitação (de uma forma, digamos, científica) da concepção do amor romântico através de uma teoria que deixa à dopamina a responsabilidade do jogo da sedução (que uma boa dose de mistério pode potenciar, claro!!!!!); É a hora, ó românticos da terra pátria!

2ª o cérebro feminino apresenta um “corpus calossum” maior do que o dos homens, na parte posterior. O que faz com que haja melhores conexões entre os dois hemisférios cerebrais; o que faz tb com que sejam elas quem melhor responde a uma exigência cada vez maior de um certo “pensamento em rede”, imprescindível em áreas “tão sérias para o bom andamento do mundo”, como a economia, os negócios, a chefia e a liderança.

3ª a necessidade de encontrar uma abordagem (e soluções) de “carácter holístico” para vivermos de acordo com o mundo cada vez mais complexo e global em que nos movemos, em que interagimos.
(Bom, o líder será sempre um homem, diz. São mais focados, bons para chefias.)
Há-de haver quem venha pegar nesta questão com seriedade, bolas!

Paulo: não sei se é o caso, mas se a sua pergunta é recorrente mesmo, o melhor será voltar a vestir a tal camisa daquele dia, passar a mão pelos cabelos com o tal jeitinho ou brincar de novo com o tal livro que não está a ler mas faz de conta, enquanto se transforma num homem de sucesso às seis da tarde.:-)

clara disse...

Bolas! Isto está a ficar sério!
O que eu acho. antigamente, a mulher procurava o melhor reprodutor, hoje procura o homem de sucesso.
È o social a superar o animal
Será?

Zaclis Veiga disse...

Adorei o post (sugestão da Marta) e ainda mais os comentários. Gosto da parte da pesquisa da Helen Fisher que se refere ao amor romântico
"Há uma constelação de características que me fizeram perceber que o 'amor romântico' não é uma emoção, são várias. Quando olhei as partes do cérebro que estão envolvidas, me ocorreu que o "amor romântico" é um motor para encontrar um amor específico. O "amor romântico" acontece para que você concentre sua energia em uma única pessoa por vez".