21 abril 2009

Mar

"...em termos pessoais tenho uma espécie de sonho, certamente irrealizável. Seria uma casa numa praia, alta nas traves da sua frágil construção, e com uma escada de madeira que nos colocava ao nível dos oceanos. De noite ouvíamos as ondas, vestíamos camisolões de lã quando fazia frio, e tínhamos cães que nos acompanhavam ao longo de extensos passeios pela beira da água. Os nossos rostos estavam marcados pela impiedade do sol, mas respirávamos a saúde que chega com as aves dos oceanos mais profundos. O movimento das ondas - o mar; o mar, sempre recomeçado - é a coisa mais bela que os deuses nos deixaram como marca da sua passagem pela terra. Ao retirarem-se, abandonaram as toalhas de espuma para nós molharmos a pele sedenta..."
Eduardo Prado Coelho in Nacional e Transmissível / (Fotografia de C.)
Eduardo Prado Coelho consegue, quanto a mim, notáveis narrativas do nosso imaginário. Quem não se revê nesta "espécie de sonho".
É alguém que nos faz muita falta.

1 comentário:

Marta disse...

E que saudades de o ler no Público! Tenho, aliás, algumas crónicas guardadas. Verdadeiras pérolas. Como este trecho, que cita.
Faz-nos falta, sim senhor!

De resto, Paulo, desta vez, não me sintonizo consigo! Nem com EPC!
O espécie e as aspas, sobram. :)

ps: parabéns ao fotógrafo!